Ter um kit de primeiros socorros empresarial bem montado é uma exigência legal e uma atitude estratégica que protege vidas.
A presença desse conjunto de itens demonstra o compromisso da empresa com o bem-estar dos colaboradores, fortalecendo uma cultura de segurança e prevenção.
Naturalmente, nem toda empresa sabe exatamente quais materiais devem estar disponíveis no local de trabalho ou como adequá-los à sua realidade operacional. Por isso, não basta comprar qualquer maleta pronta: é necessário entender os riscos do ambiente e atender às normativas específicas.
A ausência de um kit adequado pode causar atrasos no socorro, agravando a condição do acidentado e aumentando os riscos de penalidades jurídicas. Portanto, a preparação correta é essencial para agir com rapidez, manter a qualidade do atendimento e proteger a integridade da equipe até a chegada de profissionais médicos.
Neste artigo, vamos explicar detalhadamente como montar um kit de primeiros socorros empresarial, obedecendo à legislação vigente e adotando as melhores práticas de segurança ocupacional.
O que a lei exige sobre o kit de primeiros socorros empresarial
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece com clareza que todas as empresas devem manter um conjunto básico de atendimento emergencial.
Segundo o Art. 168, § 4º da CLT, é responsabilidade do empregador fornecer os materiais compatíveis com os riscos do ambiente de trabalho. Isso envolve adaptação da estrutura conforme o tipo de atividade.
Além disso, a Norma Regulamentadora 7 (NR-7), por meio do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), recomenda que a empresa disponha de insumos que possibilitem uma resposta rápida diante de urgências.
Essa abordagem está vinculada à vigilância em saúde ocupacional, que inclui registros de atendimentos imediatos realizados internamente, inclusive quando há procura espontânea pelos colaboradores.
Somado a isso, as empresas devem cumprir outros requisitos legais e técnicos estipulados por normas como NR-4 (SESMT), NR-5 (CIPA), NR-23 (Proteção contra incêndios) e o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos).
Assim, o kit de primeiros socorros empresarial não é apenas um item adicional, mas um pilar do sistema de segurança ocupacional.
Como analisar riscos antes de montar seu kit de primeiros socorros
Antes de sair comprando bandagens e antissépticos, é fundamental mapear os riscos presentes no ambiente de trabalho.
Essa análise de risco começa com a leitura dos laudos e programas já implantados, como o PGR, o PCMSO e o LTCAT. Eles fornecem informações valiosas sobre os tipos de acidentes mais frequentes e quais ameaças precisam de atenção especial.
Por exemplo, se na sua empresa os trabalhadores lidam com eletricidade, faz sentido incluir itens que ajudem em casos de queimaduras e traumas. Já se há movimentação de cargas, o foco deve ser em lesões musculares e luxações.
Outro ponto a considerar é o número de colaboradores. Ambientes com muitas pessoas exigem kits com maior quantidade de insumos e uma distribuição descentralizada.
A presença de áreas externas, refeitórios, oficinas ou escritórios em locais distantes também influencia a estratégia de alocação do kit.
Por fim, é recomendável consultar o responsável técnico do PCMSO ou um médico do trabalho. Esse profissional pode indicar quais remédios, se houver liberação, podem compor o kit, respeitando as exigências legais.
Com essa análise, sua empresa terá um kit de primeiros socorros empresarial montado de forma inteligente e personalizada.
Itens básicos que não podem faltar no kit de primeiros socorros
De forma geral, existe uma lista de itens considerados essenciais em qualquer ambiente corporativo.
Esses materiais são voltados à prestação de um cuidado simples, mas eficaz. São úteis no tratamento de ferimentos superficiais, quedas, cortes, escoriações e até para a estabilização até que o SAMU ou outro serviço médico seja acionado.
Veja os itens básicos recomendados:
Instrumentos
- Termômetro clínico digital
- Tesoura sem ponta
- Pinça de aço inox
- Conta-gotas
- Luvas descartáveis de procedimento
- Máscaras cirúrgicas descartáveis
Materiais para curativos
- Algodão hidrófilo
- Gaze esterilizada
- Esparadrapo antialérgico
- Ataduras de crepe
- Curativos adesivos
- Bandagem ou pano limpo
Antissépticos e higienização
- Álcool 70%
- Água oxigenada 10 volumes
- Solução de iodo
- Éter
- Sabão líquido antisséptico
Esses componentes são suficientes para lidar com a maioria dos incidentes rotineiros que não requerem deslocamento imediato ao pronto-socorro.
Contar com esse conjunto padronizado representa um avanço substancial na estrutura preventiva da operação.
Quais outros itens podem ser adicionados a um kit de primeiros socorros completo?
Apesar da lista básica suprir diversas situações, empresas com atividades mais complexas devem considerar um kit de primeiros socorros empresarial completo. Nesse caso, a personalização dos materiais garante maior segurança e cobertura de possíveis ocorrências.
Veja algumas sugestões para complementar o kit:
- Bolsa térmica (quente e fria)
- Estetoscópio
- Aparelho de pressão (esfigmomanômetro)
- Óculos de proteção
- Talas para imobilização
- Colar cervical
- Soro fisiológico 0,9% em embalagem estéril
- Manual de primeiros socorros atualizado
- Lista de contatos de emergência
- Registro de controle de uso de insumos
A inserção desses itens deve ser feita com base em orientação técnica, priorizando insumos que atendam às particularidades do local de trabalho.
Inclusive, se houver registro de intercorrências anteriores, como queimaduras químicas ou choques elétricos, os materiais de suporte devem ser organizados preventivamente.
Importante: armazenar esses itens corretamente, garantindo temperatura adequada e local seco, prolonga sua durabilidade e eficácia.
Como treinar a equipe para utilização correta do kit
Por mais completo que seja o kit de primeiros socorros empresarial, ele só será útil se houver pessoas capacitadas para seu uso.
Por norma, as empresas devem capacitar os membros da CIPA e outros colaboradores indicados a aplicarem os atendimentos corretos.
Esses treinamentos envolvem técnicas básicas de contenção de sangramentos, limpeza de ferimentos, imobilização, reanimação e suporte em casos de convulsão, desmaio, parada cardiorrespiratória ou queimaduras.
Além disso, é essencial que os profissionais formados saibam agir com calma, evitando movimentações desnecessárias da vítima e assegurando sua estabilidade.
O recomendado é que a responsabilidade não recaia sobre um único funcionário. O ideal são, pelo menos, três pessoas treinadas por turno ou por departamento.
Essa multiplicidade garante que sempre haja alguém disponível para agir ao perceber uma emergência.
Cursos certificados por instituições reconhecidas são uma excelente alternativa para manter a equipe atualizada e pronta para responder às demandas de SST.
Controle, reposição e manutenção do seu kit de primeiros socorros
De nada adianta montar um kit e esquecê-lo em um armário. O cuidado com os insumos precisa fazer parte de uma rotina de manutenção preventiva.
É papel do SESMT e/ou da CIPA adotar rotinas periódicas de verificação dos materiais. O ideal é revisar os kits trimestralmente, embora empresas com maior rotatividade possam considerar revisões mensais.
Os principais pontos a serem avaliados são:
- Validade dos produtos
- Condições de embalagens
- Integridade física dos itens
- Quantidade de materiais
- Higiene e armazenamento adequado
Recomenda-se o uso de checklists para não deixar nenhum critério de fora. Além disso, um sistema interno de controle pode documentar a data das trocas e identificar os responsáveis pelas inspeções.
Registrar a utilização dos materiais após cada atendimento também ajuda a mapear os tipos de incidentes mais frequentes na empresa. Essa análise de dados pode contribuir com atualizações no PCMSO e no PGR.
Evite guardar o kit em locais de difícil acesso, armários trancados ou áreas sujeitas a calor excessivo. Prefira locais visíveis, arejados e de fácil chegada para todos os setores.
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